domingo, 20 de março de 2011

Sozinha


Por vezes vejo me parada no tempo...

Olhando para o horizonte...

De uma varanda...

Numa rua vazia...

Vejo me sozinha...

Passando por mim deixando me para traz...

Como fantasma me fazem...

Sem importância...

Formando rodinhas deixando me de fora...

Como seria se tudo se transformasse nisso...

Num pesadelo...

Onde me encontro numa ponte...

Abandonada sem conhecer ninguém...

Ninguém me conhecer a mim...

Estranhas personagens que me olham... passam...

Numa solidão...

Vão se afastando...

Sem se lembrar que ainda estou aqui...

Medos de criança...

De quem já não tem a mão de ninguém para segurar...

Ombro para se apoiar...

Vão fugindo...

Devagar dou conta que já nada é igual...

Não estão aqui mais...

Dou por mim num canto...

Olhando para teus sorrisos...

Que já não são mais os nossos...


אคષค

sábado, 5 de março de 2011

preso e imóvel




De volta a casa...

Essa que um dia era de cor...

Hoje está num cinza profundo...

Um jardim onde trabalhas curvado...

Onde as palavras são nulas...

Já não se ouve aqueles sorrisos,

Na não se vê aqueles olhares cheios de brilhos que me vem chegar...

Não se sente aquele abraço de saudade...

És alma que sem importância vive numa neblina constante...

Em teu redor sofrem,

Choram, pedem para voltares a viver...

Para não te deixares levar...

Para não caíres curvado no chão...

Lutando com todas essas forças...

Que se vão em vão...

Paralisas o teu tempo...

Deixando avançando sozinhas aqueles que te pegam pela mão...

Olhar seco.

Gestos imóveis.

Tempo que passa e vais ficando...

Parado...

Longe... vais ficando distante...

Sem te poderem arrastar mais...

E tu ali parado nem vês em teu redor...

Um amor que já não me das...

Um motivo que já nem vês...

Não caminhas...

Preso num presente que vai passando...

Passado que me faz chorar...

Saudades de não te poder mudar...

Fazer delirar com as minhas palavras...

Sorrir com os meus gestos...

Vou entrando por um escuro de uma sala...

Vejo-a perdida no sofá...

Adormecida...

A tua espera...

A espera de quem eras antes...

De um carinho de uma compreensão tua...

Entras e sem ver...

Um olhar molhado por ti...

Sentas-te na mesa vazia...

E ficas...

Imóvel...


אคષค