quarta-feira, 31 de março de 2010

rei mendigo


Estava ali aquela alma só...
Sentada numa poltrona de almofadas,
Imóvel de pensamento distante...
Seu olhar tinha tristeza...
Dor de um pensamento encoberto...
De cabeça baixa,
Olha para um chão negro...
Tento adivinhar o que o perturba...
Tento ler os seus gestos,
O seu olhar, que agora persegue os meus movimentos...
Discretamente observo-o...
Numa telepatia,
Sinto que algo o incomoda...
Está sisudo...
Mostra rancor de algo...
Mas uma dor terrível que o faz chorar sem se ver...
Queria ajudar...
Mas aquela figura ali parada comove-me,
Fico sem saber que dizer...
Fico sem saber que fazer...
Meus gestos estão confusos,
Meus pensamentos fluem-se sem encontrar algo definido...
Ele olha-me...
Parece que sente que o compreendo,
Parece que quer desabafar...
Num gesto lento levanta-se do seu trono e sai...
Sem se despedir,
Com um saquinho branco pela mão,
De boina na cabeça,
Samarra pelo ombro,
Abre a porta...
E olhando sempre em frente...
Parte...
Vai-se embora levando a sua dor sem a revelar...
Vejo-o partindo pela janela...
Desaparece num horizonte que hoje me parece triste.
Agora está lá o seu trono vazio...
Perde a cor...
Sem esse rei mendigo de uma dor...

אคષค

sexta-feira, 26 de março de 2010

puro silêncio




Num puro silencio de uma lágrima que escorre sem esforço...
Num frio gelado que me percorre o corpo estagnado...
De um silêncio que me invade me sufoca...
Me confunde sem respostas...
Num olhar profundo cheio de tudo,
Vazio de nada...
Procuro respostas nos teus gestos.
Num olhar que não sei entender...
Olho bem para o fundo de um castanho-escuro,
Sem o conseguir compreender...
Pergunto me porque não estas perto de mim.
Porque não me abraças?!
Porque não me respondes?!
Porque desistes assim e partes?!
Deixas-me um vazio dentro de mim...
Vazio que me corrói...
Sem ti,
Eu fico assim...
Desfeita num mar de solidão...
Numa casa vazia...
Nas janelas sem vidro correm sonhos ilusões...
Por entre as gotas de uma chuva miudinha crio imagens de outra vida...
Estas imagens reflectidas na água são sonhos que me fazem voar...
Sonho estar contigo e poder-te tocar.



אคષค

sexta-feira, 12 de março de 2010

um olhar e tudo paralisa




Olhas de longe quem gostas...
Aquele olhar que te paralisa...
Procuras no meio da multidão o seu brilho...
Olhas para os cantos na esperança de o ver...
Por entre a multidão o encontras...
Fixas os teus olhos nos seus gestos...
Sorris pelo seu sorriso...E num momento pleno tudo pára...
Ele olha-te...
Na troca de olhares por segundos tudo pára...
Este momento se prolonga por horas
Tudo ao teu redor não tem mais importância...
Nada te faz despertar daquele olhar...
Gritam por ti...
Chamam-te...
Tocam-te...
Nada resulta.
Tu paralisas com o seu olhar...
Viajas para um mundo só teu,
Onde no meio da multidão onde te encontras só estás tu e ele...
De repente tudo acaba.
Tens a sensação que estiveste horas ali parada a olhar para aquele olhar provocante
Que te faz tremer...Ele já não está mais olhando para ti.
Mas no entanto continuas a olhar e a pensar no que se passou...
Sais dessa paralisação...
Começas a ouvir as vozes que naquele momento se desligaram
Teus amigos chamam por ti e tu ouves, respondes...Um olhar...
Um sorriso...
Um sentimento...
No pensamento...



אคષค

domingo, 7 de março de 2010

lembranças de um passado




Passado que me persegue...
Me atormenta de dia.
Invade de noite meus sonhos de noite.
Que me deixa presa a um medo de seguir...
Apodera-se dos pensamentos, de quem tenta não olhar para trás...
Faz recuar, quem está prestes a avançar...
Faz chorar, por momentos perdidos...
E que já esquecidos voltam a relembrar...
Passado que me deita ao chão...
Num chão negro gelado,
De um quarto fechado escuro cheio de lembranças,
Que voltam aos meus olhos...
Mudo, de cor, este mundo de recordações,
Disfarçando as marcas de um passado...
Vejo, as tuas pegadas ainda no chão...
Vejo, a luz das velas vindas por uma porta semi-fechada...
Á medida que caminho em sua direcção,
Tornam se mais intensas...
Ainda ouço aquela música...
Que entoa nas paredes vazias...
Invadida pela intensidade de recordações,
Choro sem saber...
Num nevoeiro serrado do passado...
Que permanece nos meus olhos,
Em mim...



אคષค